CIRURGIA BARIÁTRICA

 

A obesidade é definida como o acúmulo de gordura corporal em relação à massa magra. Quando este acúmulo atinge grandes proporções, segundo critérios específicos, é chamado de obesidade mórbida. Para pacientes nesta situação e que não respondem ao tratamento clínico (dieta, medicação, psicoterapia e exercícios físicos), a cirurgia bariátrica é uma excelente opção terapêutica.

 

O tratamento não se resume somente ao ato cirúrgico. Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica apresentam maior risco de desenvolver deficiências nutricionais pela limitação na ingestão e absorção de diferentes nutrientes, essenciais ao bom funcionamento do organismo. Os benefícios metabólicos desses micronutrientes no controle da perda de peso incluem a regulação do apetite, da fome, da absorção de nutrientes, da taxa metabólica, do metabolismo de lipídios e carboidratos, das funções das glândulas tireóide e suprarrenais, do armazenamento de energia, da homeostase da glicose, de atividades neurais, entre outros. Assim, sua adequação é importante não só para a manutenção da saúde, mas também para obter o máximo de sucesso na manutenção da perda de peso a longo prazo. 


O papel do nutricionista torna-se importante no tratamento da obesidade mórbida para que se consiga reeducar o paciente para as mudanças na alimentação que inevitavelmente virão com a cirurgia. O suporte nutricional deve ser feito durante todo o tempo de adaptação à nova rotina alimentar. Aprender a fazer escolhas e trocas saudáveis, consumir alimentos nutricionalmente adequados (mesmo em pequenos volumes), adaptar o cardápio diário às necessidades individuais são alguns dos objetivos para se prevenir as deficiências nutricionais e garantem o sucesso do tratamento.

 

No pré-operatório, a consulta com o nutricionista visa esclarecer ao paciente como será a evolução de sua dieta após a cirurgia. Nesta fase, são iniciadas as intervenções e mudanças no sentido de prepará-lo para as dificuldades que provavelmente irá enfrentar após a operação. Explicações sobre as fases da dieta (líquida, pastosa e normal) e obediência ao prazo de cada uma é fundamental para o sucesso do tratamento e prevenção de complicações.

 

Mais tarde, no pós-operatório, são avaliados vários aspectos como a evolução da perda de peso, sintomas gastrintestinais, dificuldades em relação às novas escolhas alimentares e exames bioquímicos. Merecem atenção especial a consistência progressiva dos alimentos e a mastigação. Exceto nos casos de deficiência nutricional prévia, é neste momento que se dá início à suplementação de vitaminas e minerais, com o objetivo de prevenir os eventuais déficits nutricionais causados pela redução do consumo alimentar nas cirurgias restritivas e pela diminuição da absorção nas cirurgias disabsortivas.

 

Devido à grande possibilidade de vômitos no pós-operatório imediato, à redução da absorção intestinal (dependendo da técnica) e à nova rotina alimentar com grande diminuição do volume ingerido, um acompanhamento nutricional é necessário a fim de se prevenir possíveis deficiências, repô-las caso necessário e dessa forma realizar um processo de reeducação alimentar eficaz. Vale lembrar que antes mesmo de qualquer intervenção cirúrgica, a obesidade pode estar associada a deficiências nutricionais subclínicas que podem ser agravadas após as alterações anatômicas e fisiológicas provocadas no trato gastrointestinal. Assim, a suplementação nutricional torna-se uma alternativa terapêutica necessária, contribuindo para a perda de peso de forma saudável e que deve, portanto, ser avaliada de forma individualizada.

 

A manutenção de uma dieta equilibrada em macro e micronutrientes sempre será indicada para pacientes operados. A orientação nutricional envolve não apenas o plano alimentar mas também as informações relativas à seleção dos ingredientes, tipo de preparo, receitas, cozimento e como atingir a consistência ideal para cada fase. A alimentação deve ser prazerosa, diversificada e readaptada ao longo do tempo para fornecer todos os nutrientes necessários. Considerar as preferências alimentares e até mesmo os aspectos culturais de cada paciente é fundamental para a adesão ao tratamento.